O texto que acabamos
de ler, Lucas 12:22-34, certamente é muito mais conhecido e famoso dentro do
evangelho de Mateus, como parte do que se acostumou a chamar de "Sermão da
Montanha". Não só como parte, mas como conclusão do "Sermão". Até
porque em Mateus, e isso é o que parece em princípio, as palavras lidas aqui em
Lucas entram num contexto de ensinamentos sobre a vida dentro do Reino de Deus,
é como se houvesse um seguimento de ideias e reflexões (e há) que iriam levar
até ali e fechar com a frase "busquem,
pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas
lhes serão acrescentadas" (Mateus 06:33). Já Lucas, para criar uma sequência
lógica para os versos que acabamos de ler, coloca o texto logo depois da
Parábola do "Rico Insensato", que vê na acumulação de recursos a
segurança para a vida, o que se mostra (ou vai se mostrar na continuidade do
texto) como algo contrário à vida dentro do Reino de Deus. Na Parábola há uma
preocupação excessiva, no ensinamento de Jesus há um "não se
preocupem" como início da fala. É um contraponto.
Todavia, tanto Lucas como Mateus, enquanto
escritores daquilo que foi dito por Jesus, independentemente de onde tenham
alocado o texto, as palavras, sabiam muito bem que aquilo que fora dito por Jesus
fazia parte uma compreensão nova sobre uma nova possibilidade de se ver a vida
em suas preocupações e ansiedades. "Dirigindo-se aos seus discípulos"
(assim diz Lucas no verso 22) e também à multidão (assim diz Mateus) Jesus já
sabia quais eram suas preocupações de vida e anseios de existência. Suas
palavras, então, seguem nessa direção.
E aí a gente começa a pensar em toda aquela gente ao redor de Jesus (discípulos e/ou multidão) ouvindo inicialmente (pela primeira vez) essas palavras. Gente que estava ali por muitos motivos, mas talvez e principalmente por verem em Jesus, em sua proposta, em seu discurso sobre o Reino, uma possibilidade real de mudança de vida, de realidade de vida, onde preocupações, necessidades e anseios pudessem ser supridos, principalmente de uma forma miraculosa, imediata, como já havia acontecido e vinha acontecendo. Estão ali não só porque querem, mas porque precisam estar. São gente, e gente precisa de coisas, e as coisas ali são roupa e comida (para tanto é preciso entender o contexto de Jesus, dos discípulos e da multidão). Para eles, o básico da vida ou o tudo da vida. Eles e elas se preocupam, anseiam por isso. Precisam, em verdade. Comida e roupa, por mais básico que isso seja (ou parece ser), era o centro de todas as preocupações daquela gente, gente da Galiléia de Jesus, que nem isso tinha para viver. Aquilo era o mínimo e o máximo ao mesmo tempo. Ali não eram apenas olhos e ouvidos atentos, eram olhos e ouvidos famintos. Jesus sabe disso. E sabe hoje também.
E aí a gente começa a pensar em toda aquela gente ao redor de Jesus (discípulos e/ou multidão) ouvindo inicialmente (pela primeira vez) essas palavras. Gente que estava ali por muitos motivos, mas talvez e principalmente por verem em Jesus, em sua proposta, em seu discurso sobre o Reino, uma possibilidade real de mudança de vida, de realidade de vida, onde preocupações, necessidades e anseios pudessem ser supridos, principalmente de uma forma miraculosa, imediata, como já havia acontecido e vinha acontecendo. Estão ali não só porque querem, mas porque precisam estar. São gente, e gente precisa de coisas, e as coisas ali são roupa e comida (para tanto é preciso entender o contexto de Jesus, dos discípulos e da multidão). Para eles, o básico da vida ou o tudo da vida. Eles e elas se preocupam, anseiam por isso. Precisam, em verdade. Comida e roupa, por mais básico que isso seja (ou parece ser), era o centro de todas as preocupações daquela gente, gente da Galiléia de Jesus, que nem isso tinha para viver. Aquilo era o mínimo e o máximo ao mesmo tempo. Ali não eram apenas olhos e ouvidos atentos, eram olhos e ouvidos famintos. Jesus sabe disso. E sabe hoje também.
Certamente nós não precisamos de roupa e comida,
não de uma forma tão desesperada como eles. Mas temos também nossas
preocupações, necessidades e anseios de vida e existência. E estamos aqui hoje
não apenas porque queremos, mas porque precisamos estar. Algo sempre nos falta
e estamos na busca desse algo. Principalmente agora, um tempo de começo de realização
de planos e sonhos. Somos iguais a eles e elas, somos gente. Gente igual e
agora ouvindo a mesma coisa. E aí dá para pensar, aquela gente toda lá (e aqui
também), sentada, em pé, agachada, encostada em alguma coisa, esperando alguma
coisa de Jesus, vinda dele, feita ou falada por ele. E eu não sei, talvez não
fosse aquilo, não fossem aquelas palavras: "não se preocupem com a sua
própria vida". Como deixar de se preocupar com aquilo que nos ocupa de
forma tão forte, que às vezes até nos angustia, as nossas necessidades e
anseios? O negócio é até bonito, as aves do céus e os lírios do campo, mas a
realidade é outra. É algo até desejável, não se preocupar, mas a questão era
outra: como? Isso é o centro da coisa: precisar, se preocupar e buscar. E Jesus
ainda acrescenta: "busquem (sim) o Reino de Deus" (verso 31).
Talvez, muitos daqueles e daquelas que estavam ali
nesse primeiro momento, ficaram tristes ou decepcionados com aquelas palavras, pois
elas eram o contrário de suas expectativas e suas esperanças, não atingiam suas
necessidades, não supriram, não mudaram. E isso, em nada, os tornou menor,
pois, preocupar-se não é um mal, nem algo feio, nem pecado, é algo
profundamente e essencialmente humano. É coisa de gente. É da gente essa coisa
e essa insistência de lutar com a vida para fazer dela melhor. Outros talvez se
sentiram angustiados por conta da impossibilidade de viver aquilo de forma
real, apesar de desejarem ardentemente por aquelas verdades, viver aquelas
palavras. Estavam ali transitando entre a compreensão da necessidade, das
coisas da vida, e o anseio pelos ensinamentos de Jesus, o Reino de Deus. Talvez
estivessem até pensando: é bonito, mas dá medo. Imaginem só: "não se
preocupar". Legal, mas irreal. A vida nem sempre nos permite isso. Mas
Jesus também sabe disso. Compreende não só e muito bem a necessidade humana, o
precisar das coisas, como também o sentimento humano, o nosso sentimento. E
suas palavras também vão nessa direção.
Isso está apenas em Lucas, e aqui eu gosto de
imaginar (mesmo que seja meio fantasia minha). Jesus deve ter dito tudo o que
disse, deve ter visto todos os olhares e imaginado todos os pensamentos de
todos ali (e aqui também). Tudo ainda estava no ar: "não se
preocupem", "as aves do céus" (Deus cuida delas), "os
lírios" (Deus as veste), "busquem o Reino de Deus em primeiro
lugar", a roupa, a comida, os pagãos que buscam essas coisas. Estava tudo
pairando no ar: palavras, olhos, pensamentos, sentimentos. Ele deve ter parado,
deve ter respirado (talvez fundo), deve ter sorrido (um sorriso leve) e depois
dito: "não tenham medo". Mas não disse só assim, disse com carinho,
carinho misturado a cuidado: "não tenham medo, meu pequeno rebanho",
em outras versões: "meu pequenino rebanho".
Se fosse para desejar algo para você hoje, no nosso
ano que começa, eu desejaria um ano sem ansiedades, sem preocupações, mas e
principalmente sem medo. Pois as aves do céus continuam aí, os lírios também, e
o Reino de Deus, e o Cristo, que continua sendo o nosso pastor, de nós, seu
pequenino rebanho.
3 comentários:
Jesus falava sério quando ele disse para buscarmos em primeiro lugar o Reino. Deus é muito mais prático do que imaginamos e Ele tem total interesse em nós, em moldar em nós o carater dele, pois assim estará preparando seu exército ou o povo dele se soar melhor assim.
Nós tratamos o evangelho de forma muito "ocidental", de forma mistica e abstrata quando na verdade ele é prático e deveria gerar em nós alguma reação, ou no mínimo um confronto.
Graças a Ele, Ele continua tendo o controle de todas as coisas e isso traz de certa forma uma tranquilidade e a "não ansiedade".
Gostei do texto e me trouxe a memória algumas coisas que tenho ouvido e refletido nos ultimos anos. =)
As preocupação com o mundo que vivemos e grande por parte de todas as pessoas, Jesus vem através deste livro de Lucas pedir a paciência e a confiança nele.
Assim como uma mãe ou um pai pede para seu filho ter confiança nele,ele quer que confiamos nele.eate evangelho pede também para nós homens tomar cuidado com as coisas que o mundo nos oferece, e pede para não se preocuparem e sim para acreditar no reino de Deus.
Pois aquele que busca o reino de Deus terá o reino dos céus.
Confiai e se entregai a Deus por que ele nos ama.
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